quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Marcos 1:21-28

21 Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar na sinagoga.

22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.

23 Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou:

24 Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!

25 Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem.

26 Então, o espírito imundo, agitando -o violentamente e bradando em alta voz, saiu dele.

27 Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!

28 Então, correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizinhança da Galiléia.


Jesus “... os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.” Saltava aos olhos dos judeus a diferença da pregação de Jesus frente a teologia dos escribas. Escriba era uma das denominações dos Sacerdotes e Mestres, onde ganham espaço no meio de Israel na ausência dos profetas. Interpretavam os textos sagrados, transformando-os em regras e leis a serem seguidas na tradição judaica.


Pelo caráter academicista dos escribas, as regras que estes impunham sobre o povo pouco tinham a ver com o cotidiano dos leigos. Quando Jesus, como um Mestre em Israel (ou escriba) vem ensinar na sinagoga, a distância observada pelos judeus entre a teoria e a prática é anulada: pois ele ensina como quem conhece do que fala, tem AUTORIDADE.


Autoridade significa o reconhecimento de que alguém tem competência ou feitos significativos em uma determinada área do conhecimento. Jesus foi reconhecido naquele momento como um Mestre que juntou a teoria e a prática, eliminou o abismo entre a aplicação da Palavra e a vida. Embora no decorrer do tempo Seu ensino fosse questionado e combatido pelas seitas judaicas (que eram correntes exegéticas –ou interpretativas- da Torá) Seu discurso versava sobre o espírito da lei, sobre o sentido por trás da Torá, e não sobre fórmulas religiosas para agradar os interpretes da lei.


E se pensarmos, não poderia ser diferente. Jesus como homem estava cheio do espírito Santo, aquele que inspirou as Escrituras. Ele, antes de esvaziar-se de sua deidade para encarnar-se entre nós, é também autor da Torá. Como duvidar da interpretação do autor sobre sua obra ? Se poderia questionar Drummond do sentido de seus poemas ? Ou fazer-se uma exegese de Hamlet para explicar por Shakespeare, o que ele quis externar ao seu público ? Então quem melhor para interpretar a Palavra que Seu próprio escritor ?


Por isso reconheciam a autoridade de Jesus em Sua exposição das Escrituras. Mais do que isso, “maravilhavam-se”: encheram-se de admiração e enlevo; encantaram-se; ficaram espantados e pasmos. Exatamente como fica alguém que encontra algo que tanto buscou, e esse algo excedeu suas expectativas. As palavras de Jesus eram “A Revelação” para os corações que o ouviam. Era a manifestação da Verdade entre os homens.


m autor da Torsvaziar-se de ser Deus para encarnar entre n prm ensinar na sinagogaham a ver com o cotidiano dos n

A conseqüência disso logo se manifestou. Um homem possesso de espírito imundo chega à sinagoga. Esse espírito “intima” Jesus, perguntando se Ele iria destruí-los naquele momento, confessando o poder que Ele possuía para tal operação. No entanto Jesus somente o repreende, deixando aquele homem liberto.


Isso surpreende aos judeus, pois o ritual de exorcismo era raramente praticado e quando era realizado, se utilizavam de esconjuros (juramento com rogação de pragas), orações, imposição de mãos e fetiches, elementos herdados das práticas dos povos com os quais Israel se envolveu no passar dos anos. Era um evento raro e o exorcismo poderia durar por horas ou dias. No entanto, Jesus, sem utilizar-se desses recursos e somente com uma ordem verbal, expulsou em um instante o espírito maligno e libertou o homem possesso.


Por esse motivo os judeus perguntam entre si: ”Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!”. Eles, em juntando a simples exposição das Escrituras por parte de Jesus com a Sua demonstração de poder sobre os espíritos malignos (especialmente potencializado sobre a declaração do demônio de que ele era o Santo de Deus que viera para destruí-lo) concluíram que esse Rabí era promotor de uma nova doutrina, diferente daquela que estavam acostumados com os outros mestres-escribas.


O fato dos judeus já estarem encantados com o ensino do Mestre, aliado ao testemunho sobre a autoridade com que Ele expulsava demônios sem os ritos tradicionais, catapultou a fama de Jesus por toda região da Galiléia. Narra o evangelho de Marcos que Jesus e seus discípulos ficaram um período de tempo ensinando naquele local.