quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Fim de ano

Estamos chegando ao final de 2008. Espero que os objetivos traçados no fim do ano passado para este que encerra-se tenham sido alcançados. Caso não, enxergue o novo ano que começa como mais uma chance para realizar o que não conseguiu.
Natal, que Jesus passe do conhecimento da mente para a experiência no coração em cada um de nós, operando-se assim, o milagre do nascimento dEle em nós.
Vou dar uma parada nas postagens neste período, retornando na segunda quinzena de Janeiro.
Até mais !

Eliézer.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Marcos 1:16-20

16 Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu os irmãos Simão e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.
17 Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
18 Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram.
19 Pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes.
20 E logo os chamou. Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus.


A simplicidade e a objetividade com o qual Jesus chamou seus discípulos, descritos nesse trecho espanta, pois parece que Ele os chamou do nada, como se sua figura carismática ou seu status religioso fosse suficiente para magnetizá-los e fazer com que eles comprassem a idéia de serem seguidores de um Rabi que agora aderiu à pregação do arrependimento de João Batista.

Se verificarmos com atenção, estes discípulos foram chamados na Galiléia, o primeiro local onde Jesus começa sua pregação do evangelho do Reino. Impossível não presumir que a unção sobrenatural de Jesus na pregação de sua mensagem, dada pela manifestação do Espírito Santo em sua vida como homem, não provocasse a disseminação da notícia que por aquelas paragens um mestre, um Rabi estava pregando a Palavra com autoridade nunca vista em outro mestre em Israel.

Antes desse convite, Pedro (Simão) e André foram alvos de um milagre de Jesus na pesca maravilhosa descrita em Lucas 5. Tiago e João no mínimo tinham ouvido a mensagem do Mestre ali na Galiléia e, pelo chamado de Cristo a serem seus discípulos, haviam crido em Sua pregação. Pelo modo como Jesus os chama para o discipulado, já deveria haver entre eles algum tipo de relacionamento, possivelmente de ensino pela posição de mestre que Jesus possuía em Israel, mesmo pregando agora a remissão dos pecados pelo arrependimento e pelo batismo.

Seu convite “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”, implicava a uma renúncia pessoal e não familiar. O contexto onde estes foram chamados indica que viviam seu cotidiano de pescadores. Pedro e André, com família para sustentar não poderiam largar tudo ao ouvirem o convite de Cristo, se não tivessem uma infra-estrutura de sobrevivência pela pesca já em funcionamento, para suportar suas responsabilidades como mantenedores da família.

Igualmente Tiago e João, ao ouvirem o convite de Cristo e ao atendê-lo, vemos na passagem que não deixaram suas famílias desamparadas, antes “Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus”.

Entendo que de maneira alguma Jesus nos fará um convite a segui-lO se esse convite implicar no desamparo de nossos familiares no que tange a sobrevivência. Antes, como veio cumprir a Lei não poderia, à semelhança da perversão da religiosidade judaica que admitia e incentivava o corbã descrito em Marcos 7:6-13, incentivar à desobediência ao espírito do mandamento de honrar pai e mãe, deixando de ajudar no sustento de sua família já que naquele tempo o núcleo familiar era formado pelos descendentes do patriaraca e seus agregados que juntos trabalhavam para sustentarem-se.

Ora este entendimento, de que o chamado de Cristo para segui-lo é sempre na direção do amor e da compaixão humana, é oposto à aquilo que fomos ensinados e acostumados a entender como verdade, que o ser discípulo implica em negligenciar os cuidados com nossos queridos.

Se estudarmos as linhas e entrelinhas do evangelho como registro histórico, veremos que os três anos e meio de ministério de Jesus não foi passado exclusivamente com os discípulos que Ele chamou para segui-lO. Há outros personagens que O seguiam, não gozando de Sua intimidade como os discípulos -posteriormente elevados a apóstolos-, mas na renovação de seu entendimento na mensagem do evangelho pregado por Cristo, como José de Arimatéia, Lázaro e suas irmãs, a mulher adúltera, a pecadora que O ungiu ou o samaritano que Lhe cedeu o cenáculo para a última ceia.

Libertemo-nos do conceito equivocado que ser chamado para segui-lO significa render-se a um sistema religioso com suas estruturas de poder e opressão. É muito mais do que isso. É integrar o chamado de Cristo ao nosso cotidiano, no entendimento de que a luz do evangelho nos renova a cada dia, compartilhando do bem que a mensagem de Cristo faz em nós e por nós, na certeza de que somos guiados pelo Seu Espírito em toda boa obra.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Marcos 1: 12-15

12 E logo o Espírito o impeliu para o deserto,
13 onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o serviam.
14 Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus,
15 dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.


O mesmo Espírito que repousou sobre Jesus, abrindo a possibilidade de sua permanência no interior do homem de maneira perene, levou Jesus para o deserto, onde passou um longo período (40 dias, conforme o relato de Mateus), onde foi tentado pelo diabo.

Muitas vezes em nossa vida estamos passando por desertos. Somos levados a pensar que estas provas ocorrem por falta de entendimento das coisas, por atitudes e decisões erradas e também por algum pecado não reconhecido, ou ainda por puro capricho de Deus. Mas esquecemos que esses períodos de deserto é onde a impossibilidade humana é escancarada e onde Deus mais atua imperceptivelmente. É o momento onde o “sentir Deus” deve ser substituído pelo “crer em Deus” de maneira clara e perseverante.

Quando lemos que o Espírito Santo o impeliu ao deserto, dá idéia de que esta decisão de ir para o deserto e ser tentado pelo diabo, já era algo planejado para que as forças da maldade pudessem se confrontar com um homem cheio do Espírito Santo, como descrito no versículo 13 que Ele estava com as feras naquele local. O fato dos anjos o servirem nesse contexto, vejo estreita relação com o descrito no Salmo 91, onde Davi discerne que Deus envia seus anjos para cuidar do homem que o teme, para que este não caia.

Em nosso período de deserto nos vemos sem chão. As direções a tomar poderão ser várias e o horizonte a vista é longínquo e árido, sem sinais de melhora. O sol castiga, a areia incomoda, as noites são frias e vazias, os perigos do deserto nos assustam. No entanto, Deus nos acompanha, mais próximo do que possamos perceber. E envia anjos conforme nossas necessidades para nos servir.

Enquanto João Batista pregava o arrependimento e o batismo nas águas para remissão dos pecados, Jesus após seu período de solidão no deserto, chega à Galiléia pregando o Evangelho de Deus, que consiste na anunciação da chegada de Seu Reino, no arrependimento e nas boas-novas.

Seria de se perguntar: como Jesus anuncia as boas novas com tanta convicção, antes de sua morte e ressurreição que são os eventos que sacramentam a obra vicária d’Ele em tirar o pecado do mundo?

Quando Jesus afirma que o tempo está cumprido, o faz porque o tempo é um fator inexistente no mundo espiritual. Para Deus, um dia é como mil anos e mil anos são como um dia. A bíblia narra que o Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo, ou seja, antes que houvesse pecado no homem, Deus já havia provido a redenção definitiva.

No entanto, sendo o homem um ser sujeito a dimensão do tempo e em não possuindo o mente de Deus, fez-se necessário que a humanidade caminhasse e se desenvolvesse, evoluindo na compreensão das coisas para que de um estado apartado de Deus pelo pecado, pudesse Deus gradativamente aproximar-se do homem, inicialmente através de sacerdotes itinerantes, posteriormente a Abraão, depois a Moisés, ao povo de Israel, a Davi, aos profetas, e finalmente revelando-se plenamente em Jesus-homem.

O apóstolo Paulo afirma que tal manifestação de Deus entre os homens ocorreu na plenitude dos tempos, onde nada mais havia para ser revelado por Deus como ordenança, sendo sua encarnação em Cristo a apoteose divina na história da humanidade. Daí Jesus anunciar no início de seu ministério “o tempo está cumprido” e no final “está consumado” para situar na dimensão do tempo na terra a manifestação da redenção garantida por Deus ao homem antes da fundação do mundo.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Marcos 1:7-11

7 E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias.
8 Eu vos tenho batizado com(1) água; ele, porém, vos batizará com(1) o Espírito Santo.
9 Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por João foi batizado no rio Jordão.
10 Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito descendo como pomba sobre ele.
11 Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.


(1) com; ou em.

João Batista não negava que em sua vida havia poder do Alto para operar a obra que já havia sido designada por Deus a ele desde a época dos profetas. Esse poder consistia na pregação do Reino e na remissão dos pecados pelo arrependimento, externado no rito do batismo nas águas.

Hoje nossa cultura religiosa limita o poder do Alto essencialmente a manifestação de milagres de cura e operações sobrenaturais, pelo simples fato de que estes sinais aconteciam no ministério de Jesus. Mas releva-se que o contexto onde estes eventos sobrenaturais aconteciam, eram no fundo para servirem de confronto com a mentalidade religiosa e estas operações sempre serviram para que a consciência dos participantes e espectadores se convertesse de sua acomodação e limitação espiritual.

Reitero que creio em milagres e operações sobrenaturais, no entanto, não firmo minha fé exclusivamente nessas ocorrências. Deus pode não achar bom curar determinadas pessoas, por motivos que competem exclusivamente a Ele decidir não curar ou fizer o milagre que acho necessário que aconteça. Mesmo diante desse contexto, Ele não deixará de ser Deus. Mas se firmar minha fé somente no que vejo de extraordinário, caso um não-milagre aconteça, minha fé corre o sério risco de revelar-se superficial e inoperante para trazer paz a minha vida em momentos de aflição.

O ato de retirar as sandálias era uma função dos escravos da casa de um nobre, para após isso lavar os pés e ungi-los com óleo para que se re-hidratassem da caminhada no clima árido do deserto. Portanto era uma posição de máxima subserviência ao amo. Observe-se que desamarrar era o mais simples ato deste costume comum á época, que implicava em curvar-se para tanto, um sinal que no contexto espiritual significa reverenciar a Deus.

Por saber que o seu poder vem de Deus, João Batista submete-se a autoridade d´Ele pois sabia que ele somente prenunciava O mais poderoso que ele haveria de vir, colocando-se numa posição de máxima subserviência, como os escravos que lavavam e hidratavam os pés do amo e seus convidados.

Mesmo com esse poder, João Batista sabia que por mais que o batismo nas águas significasse que o interior do ser havia se conscientizado do pecado e do amor de Deus em implantar seu Reino entre os arrependidos, esse batismo não era suficiente para fazer o homem a mudar seu instinto natural ao pecado, necessitando da intervenção divina na vida do ser, o que só se realizaria com o batismo com o Espírito Santo que só Jesus pode promover.

Para que essa possibilidade se tornasse realidade, Jesus cumpriu o rito do batismo do arrependimento, mesmo sendo Ele um Rabi (um mestre da religião judaica). Esse batismo do arrependimento de Jesus foi também Seu batismo com o Espírito Santo, uma vez que o Espírito Santo “desceu como uma pomba sobre Ele”. Pensemos: se Jesus sendo um dos mestres judaicos, em se “arrependendo” (do ponto-de-vista demonstrado na bíblia de que Cristo padeceu na carne do todo tipo de tentação e inclinação carnal, portanto passível de arrependimento também como homem), abriu a possibilidade para que Deus desse de Seu Espírito para Ele, então essa possibilidade também está aberta a todos que assim o desejem !

Esse objetivo divino -fazer com que Seu Espírito faça habitação em todos os que se arrependem- é cumprido em Cristo em seu batismo no Rio Jordão. E o júbilo do Senhor em ver esse objetivo cumprido em Jesus é traduzido por seu inesperado rompante declarando Sua alegria em ver seu filho amado cumprindo Sua vontade. O Espírito Santo é Deus nos guiando em toda a verdade, fazendo florescer os dons –em especial o do amor- e dando-nos a capacitação para mudarmos nossa mentalidade corrompida, frutificando em obras e vida plena.

Esse é o tipo de vida sobrenatural que Ele planejou aos seus.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Marcos 1:1-6

1 Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
2 Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho;
3 voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;
4 apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados.
5 Saíam a ter com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.
6 As vestes de João eram feitas de pêlos de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.
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Em Isaías 40:3, Deus já alertava que um, cheio do Espírito Santo, teria a missão de emprestar sua voz para a preparação do caminho do Senhor, endireitando suas veredas. João Batista foi a tal voz.

Interessante notar que João Batista foi o designado para confrontar o rito religioso da época, onde ainda se ofertavam sacrifícios para remissão dos pecados, conclamando o povo para arrepender-se pessoalmente de seu pecado e em função desse arrependimento, batizar-se como sinal do perdão perene recebido.

João Batista foi o restaurador do sentido original da lei judaica, o despertar da responsabilidade pessoal pelo pecado, e pela via do arrependimento obter sua remissão. O sacrifício, exigido pela lei até então, era para que se cumprisse o que na lei estava revelado que sem derramamento de sangue não há remissão de pecado.
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Entretanto com o passar do tempo, o sacrifício se tornou um ritual sem a significação do arrependimento, necessitando que Deus de tempos em tempos levantasse profetas para conclamar o povo ao arrependimeno. Até que levantasse um que além de levar ao arrependimento com sua pregação os corações, também preparasse o caminho do Cristo, filho de Deus.

Quando lemos "Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.", comumente somos levados a interpretar que João Batista tinha uma roteiro pré-estabelecido de peregrinação para pregar a mensagem de arrependimento nas regiões onde Jesus deveria passar pregando.

Entretanto, em observando este trecho, vemos João Batista fazendo do deserto seu habitat e púlpito. Os habitantes da Judéia e de Jerusalém saíam para ouvi-lo nesse local ermo e desconfortável. Sua pregação era veemente e impactante a ponto de muitos acharem que ele seria o próprio profeta Elias ou sua reencarnação, dada a personalidade e modo de vestir (v. 6) semelhantes de ambos.

Dentro desse contexto vejo com muita clareza a estreita relação entre o arrependimento provocado pela mensagem de João Batista e o propósito de preparar o caminho do Senhor e endireitar suas veredas. Sendo o arrependimento pessoal, a vereda de Cristo na vida do ser também é pessoal. O caminho do Senhor e suas veredas é trilhado no coração humano. Os valores do Reino dos Céus não são uma constituição outorgada ou um conjunto de doutrinas ou dogmas. Os valores do Reino são plantados no coração humano para, quando vivenciado o amor e da graça de Deus, transbordar em amor, sabedoria, palavra e solidariedade ao próximo.

A água, como elemento químico, possui a capacidade de limpeza. O ato do batismo de arrependimento para remissão dos pecados, é outra "santa" subversão de João Batista, substituindo o verter do sangue de animais no altar do templo pela água que corre seu curso natural, neste caso no rio Jordão (que ironicamente é um rio de águas turvas), escancarando para fora dos limites do templo a oportunidade de Deus relacionar-se com o homem baseado na percepção sincera deste em relação à Ele. Uma relação baseada na consciência humana e na liberalidade divina.

domingo, 23 de novembro de 2008

O Início

O propósito deste blog é postar textos sobre minha percepção na jornada de conhecer e experimentar o poder do Evangelho de Cristo em minha vida.
Com isto pretendo ajudar a outros, que como eu, tem buscado discernir e vivenciar a Boa Nova sem estudos dirigidos, sem metas mensuráveis e sem tutoriais religiosos.
Usarei a bíblia na versão Revista e Atualizada (João Ferreira de Almeida, SBB) como versão de referência.
Vamos crescer juntos na Graça e no conhecimento de Cristo.

Paz e bem a todos !