segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Marcos 1:1-6

1 Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
2 Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho;
3 voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;
4 apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados.
5 Saíam a ter com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.
6 As vestes de João eram feitas de pêlos de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.
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Em Isaías 40:3, Deus já alertava que um, cheio do Espírito Santo, teria a missão de emprestar sua voz para a preparação do caminho do Senhor, endireitando suas veredas. João Batista foi a tal voz.

Interessante notar que João Batista foi o designado para confrontar o rito religioso da época, onde ainda se ofertavam sacrifícios para remissão dos pecados, conclamando o povo para arrepender-se pessoalmente de seu pecado e em função desse arrependimento, batizar-se como sinal do perdão perene recebido.

João Batista foi o restaurador do sentido original da lei judaica, o despertar da responsabilidade pessoal pelo pecado, e pela via do arrependimento obter sua remissão. O sacrifício, exigido pela lei até então, era para que se cumprisse o que na lei estava revelado que sem derramamento de sangue não há remissão de pecado.
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Entretanto com o passar do tempo, o sacrifício se tornou um ritual sem a significação do arrependimento, necessitando que Deus de tempos em tempos levantasse profetas para conclamar o povo ao arrependimeno. Até que levantasse um que além de levar ao arrependimento com sua pregação os corações, também preparasse o caminho do Cristo, filho de Deus.

Quando lemos "Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.", comumente somos levados a interpretar que João Batista tinha uma roteiro pré-estabelecido de peregrinação para pregar a mensagem de arrependimento nas regiões onde Jesus deveria passar pregando.

Entretanto, em observando este trecho, vemos João Batista fazendo do deserto seu habitat e púlpito. Os habitantes da Judéia e de Jerusalém saíam para ouvi-lo nesse local ermo e desconfortável. Sua pregação era veemente e impactante a ponto de muitos acharem que ele seria o próprio profeta Elias ou sua reencarnação, dada a personalidade e modo de vestir (v. 6) semelhantes de ambos.

Dentro desse contexto vejo com muita clareza a estreita relação entre o arrependimento provocado pela mensagem de João Batista e o propósito de preparar o caminho do Senhor e endireitar suas veredas. Sendo o arrependimento pessoal, a vereda de Cristo na vida do ser também é pessoal. O caminho do Senhor e suas veredas é trilhado no coração humano. Os valores do Reino dos Céus não são uma constituição outorgada ou um conjunto de doutrinas ou dogmas. Os valores do Reino são plantados no coração humano para, quando vivenciado o amor e da graça de Deus, transbordar em amor, sabedoria, palavra e solidariedade ao próximo.

A água, como elemento químico, possui a capacidade de limpeza. O ato do batismo de arrependimento para remissão dos pecados, é outra "santa" subversão de João Batista, substituindo o verter do sangue de animais no altar do templo pela água que corre seu curso natural, neste caso no rio Jordão (que ironicamente é um rio de águas turvas), escancarando para fora dos limites do templo a oportunidade de Deus relacionar-se com o homem baseado na percepção sincera deste em relação à Ele. Uma relação baseada na consciência humana e na liberalidade divina.

4 comentários:

Rafael Reparador disse...

Oi, mano!! Vi seu comentário no lance da Pororoca do René, com as ofertas para o avião.. fiquei muito surpreso com sua reflexão... me edificou, pois extratificou de forma clara meus pensamentos... Deus abençoe sua vida! Shalon...

Eliézer disse...

Olá Pr. Rafa !

Sinto-me honrado com sua visita a este humilde blog que procura em suas postagens discernir a graça que nos conscientiza para uma vida responsável diante de Deus e dos homens.

Consciência é algo que falta às pessoas hoje em dia, não conseguem discernir por si mesmo a esquerda da direita, igualmente o que é uma oferta voluntária de um golpe oportunista barato.

Paz !

Anônimo disse...

Olá Eliézer ,

Estou a procura de uma igreja, evangélica , já fui membro de uma, mas infelizmente tive uma decepção. Mas Deus não decepciona ninguém , li alguns de seus depoimentos e gostei.
Mas pela convicção de suas palavras , não vejo sentido em você se achar uma metamoforse, por favor me explique isso .

Obrigada

Isabel Torres

Eliézer disse...

Olá Isabel!

Nesse mundo quem ainda crer que não se decepcionará com alguma igreja, ainda sofrerá muito. A igreja, como ajuntamento de pessoas -mesmo que pretensamente direcionadas à Deus- repete em suas ações as idiossincrasias humanas, que decepcionam e frustram.
Isso acontece pois a igreja assume o lugar de Deus na vida do crente. A igreja acredita cegamente ser a "encarnação de Deus" na terra e não o "Corpo de Cristo" como revela o novo testamento. Essa falta de noção (tanto da igreja como do crente) de seus papéis nessa história leva ao trabalho estafante naquilo que a igreja convenciona como "obra de Deus" (ou seja, ela mesma!) e ao medo de "decepcionar Deus (mais uma vez, decepcionar a igreja).
Percebeu a diferença? Deus não te decepciona, mas a igreja -qualquer uma- certamente a decepcionará em algum momento. Igreja não é Deus e Deus não é a igreja.
Eu já tive dezenas de decepções com e na igreja. Quando me foi discernido que mnha revolta era com a estrutura humana da igreja e que era essa estrutura que me oprimia e decepcionava, então pude colocar as coisas nos devidos lugares. E não me arrependo disso.
Quanto a minha definição pessoal no perfil, representa que a única certeza que tenho é que nada na vida é imútável. Não alcancei ainda convicção sobre inúmeras coisas. Das poucas que tenho e que me dão segurança para submeter ao conhecimento de todos o que penso é que Deus me ama como amou Jesus; que isso não me alija dos sofrimentos da vida cotidiana; que isso me desafia a ser como Jesus em minhas ações e pensamentos; que ainda nesse corpo corruptível tenho que deixar-me ter minha mente transformada e renovada em Cristo; que a temporalidade de minha existência serve a um único propósito: chegar a estatura do varão perfeito que é Cristo.
Enquanto isso vou-me deixando ensinar: por Deus, pela vida, pelos amigos de caminhada, pela beleza de criação, pelas idéias do artista.
Se referências bíblicas lhe são caras, leia por ler Romanos e Hebreus. Não circunscreva sua mente a lê-los esperando encontrar as explicações dos teólogos sobre cada assunto alí. Leia para si e não para os outros. Leia como revelação do Pai para você. Isso lhe fará um bem enorme.
Outra coisa: igreja encontra a gente na caminhada da vida -são os amigos que compartilham da vida e de Deus com você no bar, na cafeteria, num momento de compra no shopping ou em uma viagem de férias. Igreja-denominação a gente vai ao encontro dela, ou seja ela tem que ser encontrada, escolhida, testada e atestada. Responda para sí: era isso que Cristo tinha em mente quando mencionou sobre Sua igreja?

Paz e bem para você. Querendo me contatar, visite meu perfil no Orkut.