quarta-feira, 18 de março de 2009

Marcos 1:29-34

29 E, saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e João, diretamente para a casa de Simão e André.
30 A sogra de Simão achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito dela.
31 Então, aproximando-se, tomou -a pela mão; e a febre a deixou, passando ela a servi-los.
32 À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os enfermos e endemoninhados.
33 Toda a cidade estava reunida à porta.
34 E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfermidades; também expeliu muitos demônios, não lhes permitindo que falassem, porque sabiam quem ele era.

Jesus ficou algum tempo ensinando na sinagoga. Sendo Ele Mestre em Israel este era o lugar correto para ensinar seu jugo (o modo de entender e interpretar a lei) àqueles que decidiam seguir seu ensino.

Possivelmente Tiago e João conheciam o estado de enfermidade da sogra de Simão (Pedro) seu companheiro de trabalho, e em testemunhando naqueles dias os milagres que Jesus operou, creram que Ele poderia reverter o quadro de enfermidade.

Na condução de Jesus e seus discípulos para a casa de Simão e André, a enfermidade foi revelada a Jesus na sua chegada ali. Jesus em se aproximando da sogra de Pedro, em um simples gesto de estender-lhe a mão, operou a cura que necessitava. Segundo o texto, o estado febril a deixou, passando ela a servi-los.

Interessante notar que Marcos narra esta passagem como se a enfermidade fosse uma “entidade” que possui um propósito específico (gerar doença, neste caso a febre), mas que se submeteu a autoridade de Jesus.

A concepção judaica sobre a enfermidade era que esta era um castigo de Deus pelo desprezo a Sua lei (Lv 26:16 e Ex. 23:25). Mas havia também a crença popular de que doenças seriam também uma manifestação de espíritos malignos, concepção egípcia latente na cultura judaica adquirida pela escravidão deles no Egito.

Ora, Jesus trazia para o povo uma nova maneira de interpretar a lei, trazendo outros valores para entendimento do que Ele no princípio queria dizer quando entregou a lei a Moisés. Com isso a concepção de que a enfermidade era um castigo divino não encontrava lugar no jugo do ensino de Cristo.

Com isso, possivelmente Tiago e João tiveram um “insight” e entenderam que o que a sogra de Pedro tinha era uma doença de fundo espiritual não- divino, tendo como pano de fundo a influência da cultura egípcia latente na cultura hebraica. Daí concluírem que Jesus ser aquele que poderia dar fim ao sofrimento da sogra de Pedro.

E Jesus, sempre agindo na simplicidade e objetividade de seu Reino sem dizer palavra alguma, afugentou a febre, sinal de juízo divino pelo lado da lei mosaica; e sinal de atuação maligna pela “crendice popular” originada na cultura egípicia.

Entretanto nenhuma especulação entre os discípulos sobre as razões para que essa doença se manifestasse foi digna de registro. Tampouco Jesus desperdiçou tempo em explicar essas coisas. Para eles que ali estavam, bastou que a cura chegasse pelas mãos do Mestre. Ainda que essa operação tivesse sido feita durante o “shabbat”.

Isso tudo aconteceu durante o sábado. Logo após o sol se pôr onde, aí sim pela lei seria lícito curar, o povo trouxe seus enfermos e endemoniados. Agora eles entendiam que independente do sintoma ou de sua justificativa, ali estava o homem filho-do-homem, que trazia para eles a libertação de suas aflições, sem perguntar no que criam antes, mas certos de agora crerem n´Aquele que era o enviado dos céus.

Jesus não precisava do testemunho dos demônios para que se revelasse quem era Ele. Deus, através de seu Espírito Santo é quem viria a fazê-lo no decorrer do tempo diretamente ao ser humano. Jesus não precisava correr o perigo dos homens definirem quem Ele era a partir das declarações de demônios, dando margem as interpretações que deturpariam sua missão e seu ensino.